Cadastre seu email:
Entrevistas
Dr. João Carlos Papaterra Limongi

Doutor em medicina e médico assistente da Divisão de Neurologia do Hospital das Clínicas de São Paulo.
É membro fundador e conselheiro médico da ABPD.

Por que ocorrem as distonias?
Existem várias causas que podem produzir uma distonia. De acordo com esse critério, as distonias podem ser classificadas em primárias e secundárias. As primárias são aquelas em que nenhuma causa pode ser identificada, pois não há nenhuma lesão cerebral nem existem antecedentes de alguma doença que possa justificar seu aparecimento. As secundárias são aquelas em que uma causa pode ser identificada. Dentre as possíveis causas, as mais comuns são: reações a certos medicamentos, intoxicações, processos inflamatórios e infecciosos e doenças degenerativas do sistema nervoso central.

Existe algum fator hereditário?
Algumas formas são claramente hereditárias enquanto que as outras são esporádicas. As distonias dá infância são mais freqüentemente hereditárias e as de, adulto são quase sempre esporádicas.

Qual a relação das distonias com problemas emocionais?
Ao contrário do que se imaginava há algumas décadas atrás, problemas emocionais não causam distonias Entretanto, como em muitas outras doenças, os sintomas podem ser transitoriamente agravados por fatores emocionais como estresse, ansiedade e depressão, entre outros.

Há cura para a distonia?
Em algumas formas de distonias secundárias, em que alguma causa pode ser identificada e eventualmente removida; pode haver remissão completa dos sintomas. Entretanto, nas formas primárias (que constituem a maioria dos casos), a evolução é crônica e raramente ocorre remissão. Nesses casos, apesar dê não haver ainda cura, existem tratamentos eficazes que ajudam a controlar os sintomas.

O uso de relaxantes musculares causa efeitos colaterais?
Existem vários tipos de relaxantes musculares. Na maioria das vezes os efeitos colaterais são discretos, mas pode ocorrer sonolência e tonturas com doses mais altas.

A toxina botulínica tem trazido bons resultados?
A toxina botulínica é o tratamento de escolha para as distonias focais, sendo que os melhores resultados são obtidos quando apenas poucos grupos musculares estão envolvidos, como no blefarospasmo e nas distonias cervicais.

Por que injeções repetidas de toxina botulínica vão perdendo o efeito?
Nem sempre isso ocorre. Na maioria das vezes, o efeito mantêm?se o mesmo após dezenas de sessões de tratamento. Entretanto, quando as doses utilizadas são mais altas, pode haver produção de anticorpos e conseqüente perda do efeito terapêutico.

Existem testes para detectar esses anticorpos?
Há testes de laboratório, mas sua sensibilidade, não é muito grande e raramente são utilizados na prática clínica

De que maneira o sono influi nos movimentos anormais?
Geralmente, todos os movimentos anormais apresentam amplitude reduzida durante o sono. Nas fases mais profundas, a maioria desses movimentos pode até desaparecer por completo. Isso ocorre porque, durante o sono, as vias responsáveis pela motricidade encontram-se fisiologicamente inibidas.

A distonia pode desaparecer por algum tempo e depois voltar?
Esse tipo de evolução não é comum, mas pode ocorrer em algumas distonias secundárias a medicamentos. Entretanto, na grande maioria das vezes, a evolução é crônica, podendo haver oscilações, mas não desaparecendo por completa.

Existe algum exame laboratorial que possa comprovar que uma pessoa é portadora de distonia?
O diagnóstico das distonias é puramente clínico e depende da correta interpretação dos dados de história e exame clínico do paciente. Exames laboratoriais e de neuroimagem são geralmente utilizados para excluir e/ou identificar possíveis causas.

A distonia pode ser considerada doença profissional? Pode-se adquirir a doença por causa do trabalho?
As distonias não são doenças profissionais. Seu aparecimento depende de uma disfunção dos núcleos da base que são estruturas localizadas profundamente no encéfalo. Dessa forma, fatores externos não podem, isoladamente, produzir distonia. Mas em algumas situações podem contribuir para precipitar o seu aparecimento em pessoas predispostas.

Existem alternativas cirúrgicas?
Existem tipos específicos de cirurgias para algumas formas de distonias. A miectomia, que consiste na retirada parcial dos músculos orbiculares dos olhos, é utilizada para o blefaropasmo, A rizotomia cervical seletiva, que consiste na secção de algumas raízes que enervam os músculos cervicais, é usada em alguns casos de distonias cervicais, enquanto que a talamotomia é indicada em alguns casos de distonias segmentares e generalizadas.

Procedimentos fisioterápicos, massagens e acupuntura ajudam?
Quando corretamente indicados, podem contribuir. para a obtenção de maior relaxamento muscular. Entretanto, se utilizados isoladamente, são de pouca ajuda.

O Brasil possui grupos de pesquisa em distonia?
Existem grupos de pesquisa clínica em distonias e outros distúrbios do movimento em vários centros de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba, entre outros. Na área de pesquisa básica, entretanto, as atividades são ainda incipientes em nosso meio.

A medicina ortomolecular pode auxiliar no problema?
Não.

 

Dr. João Carlos Papaterra Limongi é doutor em medicina e médico assistente da Divisão de Neurologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. É membro fundador e conselheiro médico da ABPD.

 
O conteúdo deste material pode ser reproduzido desde que citada a fonte.
© Associação Brasileira dos Portadores de Distorias, 2001


 
  Imprimir   Enviar   Voltar   Topo   Fonte: P  M  G 

São Paulo - Rua Maria Figuereido, 407 - 133 Cep: 04002-002 São Paulo-SP

Goiânia - Rua C-261 n° 103, Setor Nova Suiça - Goiânia - GO

Cep: 74280 - 240 - Fones: (62) 3945-3014 / 3259-3014

E-mails: contato@distonia.com.br / elenitafmacedo@uol.com.br