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Entrevistas
Dr. Delson José da Silva

Coordenador da Unidade de Parkinson e Desordens do Movimento do HC/UFG

O que é distonia?
É uma doença neurológica que se caracteriza por contrações musculares mantidas e que freqüentemente causam contorções, movimentos repetitivos ou posturas anormais, que geralmente são acompanhados de dor.

Como é realizado o diagnóstico de distonia?
O diagnóstico da distonia é realizado através das características clínicas, que são os movimentos distônicos, repetitivos e padronizados.

Em que idade começa a distonia?
A idade de aparecimento das distonias pode ser dividida em três fases: início infantil de 0 a 12 anos, a de início no adolescente entre os 13 e 20 anos e finalmente a de início adulto, que são as distonias que ocorrem após os 20 anos de idade.

Quais são os locais que podem ocorrer as distonias?
De acordo com a classificação das distonias podemos distribuí-las da seguinte forma: 1) focal, quando ocorre em uma única parte do corpo; 2) segmentar, quando acomete uma ou mais partes contíguas do corpo (ex: pescoço e membro superior); 3) multifocal, quando ocorre em duas ou mais partes não contíguas do corpo (ex: face e membro superior); 4) generalizada, temos neste casos distonia segmentar crural (membro inferior) e distonia em pelo menos uma outra parte do corpo; 5) hemidistonia, compromete uma metade do corpo.

Quais os fatores que pioram e melhoram a distonia?
O estresse, ansiedade, a fadiga e cansaço podem piorar a distonia, enquanto que o relaxamento e o sono podem melhorá-la. curiosamente e por razões que não conhecemos os pacientes com distonia conseguem suprimir ou reduzir os movimentos distônicos, tocando levemente a área afetada (truque sensorial)

Quais são as causas das distonias?
Em torno de 25% das distonias, são secundárias a algum fator tais como, trauma de crânio, infecções cerebrais (encefalites), exposição a drogas ou toxinas, doenças hereditárias (ex: doença de Huntington e Wilson etc.), tumores cerebrais e várias outras.

Quais as principais drogas que causam distonias?
Várias drogas podem levar ao aparecimento de distonias. Dentre elas gostaríamos de destacar as usadas para o tratamento de doenças psiquiátricas (antipsicóticos), para vômitos (metoclopramida), anticonvulsivantes e drogas usadas para o tratamento da doença de Parkinson (levodopa). Gostaria de ressaltar que naqueles pacientes portadores de distonia, tais drogas podem, inclusive, piorar os sintomas e que de forma interessante algumas formas de início na infância, podem melhorar com a levodopa (distonia dopa-responsiva).

Existe algum fator hereditário?
Dentre os maiores avanços na pesquisa de distonia podemos citar a identificação de pelo menos onze tipos genéticos de distonia, nas chamadas formas primárias ou idiopáticas.

Existe algum tipo de terapia gênica para o tratamento de distonias?
Não. Apesar do grande número de pesquisas nesta direção.

A distonia pode desaparecer após algum tempo?
Em torno de 15 a 30% das distonias, principalmente as focais, podem ocorrer.

A distonia pode ser considerada uma doença ocupacional?
Na realidade não existe nenhuma evidência direta que demonstre relação direta com alguma forma de trabalho. No entanto, devemos esclarecer que existe as chamadas distonias de ação específica em que esta pode prejudicar as atividades no trabalho, a exemplo da câimbra do escrivão, que não pode ser confundida com doenças ocupacionais de outro caráter, tais como , DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionados ao Trabalho), a distonia dos músicos e outras.

Existem outras terapias não farmacológicas que podem auxiliar no tratamento da distonia?
Vários outros procedimentos tais como, fisioterapia, acupuntura, terapia ocupacional e outras, apesar de não ter pesquisas mostrando a real eficácia, entendo que na prática diária ocorre alguma melhora, principalmente em relação ao quadro doloroso e até mesmo um efeito psicológico positivo nos pacientes com distonia.

Qual a importância da toxina botulínica no tratamento das distonias?
A toxina botulínica, sem sombra de dúvidas, consiste no tratamento mais eficaz e mais seguro para o tratamento das distonias focais (cervicais, blefaroespasmo, oromandibular, distonia de laringe e distonias focais dos membros), podendo apresentar melhoras que variam de 70 a 95% e em algumas formas pode chegar a 100% (blefaroespasmo).

Existem contra-indicações ao uso da toxina botulínica?
Existem de forma relativa nos casos de miastenia gravis, esclerose lateral amiotrófica, problemas de coagulação, infecções no local da aplicação e há uma recomendação para não usar durante a gravidez e quando do uso concomitante com antibióticos aminoglicosídeos.

As injeções repetidas de toxina botulínica podem perder o efeito?
A formação de anticorpos pode levar a diminuição da eficácia terapêutica da toxina botulínica, principalmente quando se usa doses acima de 300 unidades e com intervalos menores do que 3 meses.

Quais os medicamentos mais usados e mais eficazes para o tratamento das distonias generalizadas?
Vários grupos de medicações podem de forma isolada ou combinada promover melhora aos pacientes com distonia generalizada. Como já dissemos, a levodopa deve ser tentada naqueles casos que se iniciam na infância / adolescência. Outras drogas são os anticolinérgicos, os diazepínicos (tranqüilizantes), baclofen (Lioresal), tetrabenazina, anticonvulsivantes (carbamazepina e fenitoína), antidepressivos (tricíclicos, lítio) e mesmo em algumas situações, os neurolépticos.

O Brasil possui grupos de pesquisa em distonias?
Sim, felizmente temos serviços nessa área em quase todo país. Em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, inclusive este Jornal informa os locais de excelência no atendimento aos pacientes portadores de distonia.

Qual a importância da criação de grupos de apoio, inclusive com o envolvimento de familiares, a fim de manter atividades de integração social profissional dos portadores de distonias?
Entendemos que estes grupos nas suas várias formas em especial as associações, são importantes na medida em que fornecem integração, informações educativas e até mesmo, enfim, um apoio ao portador de distonia. Pensamos que com a ajuda do governo, estas associações, poderiam inclusive, ser maiores incentivadoras de pesquisa para uma doença de difícil manejo.

Existem eventos médicos específicos para as distonias?
A Academia Brasileira de Neurologia, tem um grupo de trabalho em desordens do movimento, em que regularmente promove eventos como congressos, encontros, jornadas, simpósios em que são discutidos os vários avanços em distonia.


Dr. Delson José da Silva
é Coordenador da Unidade de Parkinson e Desordens do Movimento do HC/UFG.


 
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