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A Distonia, a Espasticidade e o Médico Fisiatra

A distonia e a espasticidade são alterações da capacidade de realizar movimentos decorrentes de lesões do Sistema Nervoso. As causas que produzem estes distúrbios funcionais são múltiplas e muitas delas desconhecidas, porém as conseqüências freqüentemente acarretam incapacidade à vida dos pacientes.

As incapacidades secundárias a distonia e a espasticidade podem produzir dificuldades à locomoção e na independência da vida diária; mesmo naquelas atividades mais elementares; como a execução dos atos necessários à higiene, vestuário e mesmo à própria alimentação.

Os movimentos anormais podem produzir sobrecarga e desgaste articular e acarretar dor, a qual é outro fator que afeta a qualidade de vida dos pacientes.

O paciente que apresenta qualquer forma de distúrbio de movimento, deve obrigatoriamente ser avaliado por um médico neurologista, sendo este o responsável pelo diagnóstico e tratamento inicial destas disfunções; porém a prevenção e/ou a redução das incapacidades secundárias é o objeto de trabalho de uma outra especialidade médica - a Fisiatria.

O fisiatra é o médico responsável pelo restabelecimento de capacidade funcional do paciente. Etimologicamente o nome desta especialidade deriva do grego e tem o seguinte significado: Fisio = função e iatros = médico, ou seja, fisiatra é o médico da função.

O fisiatra irá analisar o paciente como um todo e relacionar os achados clínicos encontrados no exame do sistema muscular e esquelético com as queixas de dor ou dificuldades funcionais apresentadas pelo paciente e formular um programa terapêutico individualizado de acordo com o diagnóstico da incapacidade instalada ou com possibilidade de instalação.

O fisiatra poderá trabalhar isoladamente no seu consultório, porém seu potencial de ajuda diagnostica e terapêutica será mais evidente quando a sua atividade é feita em conjunto com uma equipe multidisciplinar.

O dimensionamento desta equipe reunida em um Centro de Reabilitação com o objetivo de tratar as alterações do movimento, pode sei variável, mas geralmente é composta além do fisiatra, pelo terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e psicólogo.

O terapeuta ocupacional irá avaliar as dificuldades funcionais do paciente e propor através de atividades ou adaptações medidas de capacitação.

O fisioterapeuta terá na equipe a responsabilidade de avaliar não apenas as condições da marcha, mas também de todas as outras funções motoras preparatórias para esta função, como por exemplo as trocas posturais e a interferência dos movimentos anormais na função. A proposição e realização de exercícios terapêuticos também é de responsabilidade deste profissional.

A distonia e a espasticidade podem ter a intensidade de sua manifestação alterada por fenômenos comportamentais. A análise e o controle destes fenômenos é o objetivo da inclusão do psicólogo na equipe de reabilitação. Cabe ainda ao psicólogo a orientação dos outros profissionais da equipe quanto as expectativas e as características pessoais do paciente que possam interferir com as propostas terapêuticas.

O fisiatra além do gerenciamento dos objetivos do tratamento, visando direcionar os esforços da equipe no sentido das metas terapêuticas serem sincronizadas, pode ainda ser o responsável pela aplicação de recursos específicos de tratamento.

Os bloqueios neuromusculares, através da infiltração de medicamentos que reduzem a ação deletaria a função dos movimentos anormais, se constituem em um recurso fisiátrico de grande utilidade. Os medicamentos mais utilizados com este objetivo são a Toxina Botulínica e o fenol; são drogas seguras pois quando aplicadas por profissional especializado, permitem a redução dos movimentos indesejados sem alterar a capacidade motora voluntária não atingida pela doença.

Naturalmente qualquer médico poderá se utilizar da Toxina Botulínica ou do fenol no trata" mento de distonia ou de espasticidade, porém sem dúvida a formação do fisiatra o capacita a ter uma visão mais global e funcional do paciente, permitindo uma aplicação mais racional e efetiva.

Como mensagem final, gostaríamos de ressaltar que a distonia e a espasticidade ainda são obstáculos sérios a serem resolvidos pela Medicina, porém sem dúvida a sua solução É mais efetiva quando a abordagem terapêutica é unidirecional. Na equipe de reabilitação multidisciplinar não existe nenhum profissional que seja o mais importante, porém a presença da adequada atenção fisiátrica é primordial para reduzir os efeitos deletérios da espasticidade e da distonia.


Prof. Dr. Sérgio Lianza, Professor Adjunto do Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP. Presidente da Associação Latino Americana de Reabilitação. É colaborador da ABPD.


O conteúdo deste material pode ser reproduzido desde que citada a fonte.
© Associação Brasileira dos Portadores de Distorias, 2001


 
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